dormia abraçado a mim feito criança,
gostava de doce e de ganhar camisas novas de presente.
Usava a água-de-colônia que lhe dei e ria:
"Pareço uma Paulina Bonaparte."
Olhava-me tão agradecido ao menor cuidado
como limpar seus óculos ou trazer-lhe água,
que era como se nunca tivesse tido infância.
(Gostava de rir, embora chorasse algumas vezes a meu lado.)
Abria as portas grandes da varanda de nosso quarto
sobre as florestas da Gávea, e de tudo se admirava:
"Espantoso! Qual o sentido disso?"
Quando eu não estava em casa, ficava aflito:
telefonava para conferir se eu voltara ao nosso cotidiano:
"Sabendo que você está aí, meu mundo fica em ordem."
O meu amado tinha coisas de menino:
mas seus olhos eram sábios
de entenderem quase toda a miséria deste mundo.
Lya Luft, em Fatal.
Linda, como só os doces sabem ser...
ResponderExcluirAchei linda demais também. Abri o livro na livraria e fui lendo... Cheguei nesse texto e uma lágrima me ocorreu! Achei que tinha algo muito especial acontecendo ali. Bom saber que tem mais gente que é tocada por essas coisas doces e sensíveis! Amo você. Beijos, A Moça.
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