2.6.12

O Pavão



Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.

Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.

Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico. 

Rubem Braga

3 comentários:

  1. Obrigada, Yasmim! Fico feliz. Eu também amei essa foto. Dá vontade de ter um em casa, não?
    Espero que também se interesse pelo Rubem Braga, um dia. Você ainda está muito nova, mas já fique sabendo desde já que ele é um escritor fabuloso, fora do comum, cheio de textos que eu gosto demais.

    Beijos e abraços,
    A Moça .

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    1. Rubem Braga? Vou procurar a respeito. Talvez compre um livro dele e depois digo o que achei.

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