11.7.11

Transformers!

Bem, aproveitando que Transformers 3: The Dark Side of the Moon acaba de ser lançado (29 de junho de 2011, nos EUA), postarei os vídeos da Trilogia. Utilizarei-me do texto de Ulysses ‘Ule’ Rubin para explicar-lhes a história dos filmes e o sucesso do diretor.


Segue o texto, e os trailers.


Enjoy!








Lançada em 2007, a primeira aventura dos Transformers foi a grande surpresa da alta temporada de blockbusters daquele ano. A mega produção contava com os efeitos visuais mais impressionantes já vistos até então e era repleta de cenas de ação de disparar a adrenalina. Até aí, nenhuma surpresa. O que fez de Transformers um êxito foi o surpreendente fator humano presente naquele filme. O herói Sam, interpretado por Shia LaBeauf era extremamente carismático, assim como os robôs Optimus Prime e Bumbleblee, triunfos da computação gráfica, que conseguiam ser mais expressivos que muitos atores de carne e osso. Até a presença da bela e inexpressiva Megan Foxfuncionava, já que sua interação com Sam produzia diversos momentos cativantes e divertidos.


A força de Spielberg podia ser sentida em cenas deliciosas como aquela em que os robozões tentavam se esconder no jardim da casa de Sam, para não serem vistos por seus pais. Esse e outros momentos marcantes (como quando Bumbleblee tenta ajudar Sam a ficar com a garota dos sonhos, utilizando trechos de hits românticos dos anos 80) faziam do filme uma aventura quase tão boa quanto os inesquecíveis clássicos juvenis dos anos 80, como Os Goonies e Os Garotos Perdidos. É claro que as bobagens militaristas do diretor estavam presentes, com os Transformers se aliando ao exército dos Estados Unidos (apesar de serem defensores do direito à liberdade de todos os seres vivos) e tomadas em slow motion de soldados caminhando ao sol, filmados sempre de baixo, para exaltar seu heroísmo. Sem contar a amizade dos soldados com um garotinho muçulmano que eles fazem de tudo para defender, vejam só que bonitinho. Mas até mesmo essas bobagens funcionavam naquele filme tão assumidamente ingênuo e infantil. Transformers era um filme engraçado, eletrizante e cativante, um dos melhores blocksbusters da década passada. Resultado: além de ter caído nas graças de boa parte da crítica (mais da metade das resenhas eram positivas, ainda que muitas apontassem os defeitos típicos) Transformers foi o maior sucesso de bilheteria da carreira de Bay até então. Mas será que esse não seria apenas um acidente de percurso? Infelizmente foi exatamente o que aconteceu.





A inevitável continuação Transformers: A Vingança dos Derrotados (2009) era tão ruim que se tornou um daqueles filmes referência para baixa qualidade, como Batman e Robin (1997) e Mulher Gato (2004). Uma piada. Michael Bay parece acreditar que elevando todos os elementos que fizeram o sucesso do primeiro à enésima potência, teria um filme infinitamente melhor. O resultado é uma produção ainda mais esquizofrênica que Armageddon, com o agravante de não contar com boas piadas e nem mesmo boas cenas de ação, já que aqui a falta de lógica da edição atinge o oásis, dando a impressão de que se trata de um filme surrealista. Os poucos bons momentos acontecem no início, onde as melhores características do original ameaçam voltar, como o relacionamento de Sam com os pais, as trapalhadas e a fofura de Bumbleblee ou a solidariedade de Optimus Prime. Mas logo tudo cai por água.


Os roteiristas John Rogers, Roberto Orci e Alex Kurtzman, que haviam feito um trabalho razoável no primeiro filme, foram substituídos pelo péssimo Ehren Kruger, notório por sua habilidade em destruir o que toca. Seu texto carece de objetivo, parece mais uma mera desculpa para encaixar cenas de ação, ao mesmo tempo em que tenta soar complexo, criando tramas absurdas e injustificáveis, uma confusão sem fim. O filme conta ainda com uma profusão de estereótipos raciais repugnantes, que só fazem rir quem compartilha da visão preconceituosa dos realizadores. As frases cafonas que funcionavam tão bem no primeiro filme, aqui surgem invariavelmente risíveis ou irritantes. Um filme inteiramente equivocado, o que não impediu que fizesse ainda mais dinheiro que o anterior nas bilheterias, mais de $800 milhões de dólares, tornando-se o segundo maior sucesso daquele ano, atrás apenas do fenômeno Avatar.


Apesar do massacre da crítica (e de uma parcela do público), é claro que os altos valores arrecadados seriam motivo suficiente para que o estúdio engatasse mais uma continuação. O próprio Michael Bay veio a público dizer que estava cansado e querendo dar um tempo da franquia, mas o dinheiro falou mais alto e agora somos testemunhas do sucesso avassalador da terceira parte da franquia, Transformers: O Lado Oculto da Lua. Em entrevistas recentes, o próprio Michael Bay admitiu os defeitos do segundo filme e prometeu que o terceiro teria uma história muito melhor. Bulshit. O roteiro do novo filme, novamente assinado pelo picareta Ehren Kruger é tão ruim quanto o anterior, uma somatória de idéias desconexas e mal costuradas que vão sendo abandonadas sem cerimônia à medida que a projeção avança. Os defensores do filme dizem que é errado esperar por uma história decente, já que se trata de um filme de ação assumidamente descerebrado. Esse argumento seria válido se o filme não gastasse mais de uma hora com explicações sonolentas, diálogos estúpidos e entediantes e mais piadas ruins e racistas. Se a história é tão desimportante assim, que tivessem cortado pelo menos uma hora de cenas desnecessárias que nada agregam, o filme ficaria bem melhor. O primeiro ato é uma tortura sem fim, fazendo o público implorar para que a destruição comece.


Nesse quesito, porém, Transformers 3 não decepciona. As cenas de ação são espetaculares e os efeitos tridimensionais impressionam bastante (especialmente em IMAX). Se o produto final está óbviamente melhor que o anterior (o que não significa muita coisa) é apenas pelo fato de que a ação vale a pena. Por outro lado, o filme deixa pouco a ser lembrado. Ao sair do cinema, Transformers 3 evapora rapidinho, deixando apenas o zumbido e a dor de cabeça causada pelo interminável clímax de 40 minutos de duração (minha pobre mãezinha, que me acompanhou na sessão, chegou a passar mal). Até mesmo a tão comentada cena do prédio caindo acaba tendo pouco impacto, já que mesmo impressionando visualmente ela não faz qualquer sentido dentro do roteiro. É uma cena totalmente desnecessária que evidencia a completa falta de conteúdo e objetivo da história. O herói Sam perde a função, limitando-se a correr de um lado para o outro salvando sua namorada (a deslumbrante, mas inútil Rosie Huntington-Whiteley). Lá pelo fim, surgem reviravoltas bobocas e preguiçosas, que só causam bocejos. E para completar, o outrora carismático Optimus Prime é transformado num reacionário sanguinário da extrema direita, destruindo os motivos que tínhamos para amá-lo. Enfim, o primeiro Transformers é mesmo o patinho feio nessa “trilogia”. E Michael Bay está mais Michael Bay do que nunca.










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