30.11.12
25.11.12
24.11.12
22.11.12
Amor
Um curta metragem baseado no conto de Clarice Lispector "Amor".
Primeiro semestre do curso de Cinema FAAP 2012.
Direção, roteiro e produção: Sarah Afonso.
Vídeos com efeito céu em time lapse de Gabriel Portella.
Primeiro semestre do curso de Cinema FAAP 2012.
Direção, roteiro e produção: Sarah Afonso.
Vídeos com efeito céu em time lapse de Gabriel Portella.
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20.11.12
Tolstói, Liev
O Conde Liev Tolstói nasceu em 1828. Participou da Guerra da Crimeia e casou-se com Sofia Andrêievna Berhs em 1862. Enquanto Tolstói administrava suas vastas propriedades nas estepes do Volga, dava continuidade a projetos educacionais, cuidava dos servos e escrevia Guerra e paz(1869) e Anna Kariênina (1877). Uma confissão (1882) marcou uma crise espiritual em sua vida; ele se tornou um moralista extremista e, em uma série de panfletos, a partir de 1880, expressou sua rejeição em relação ao Estado e à Igreja. Morreu em 20 de novembro de 1910, em meio a uma dramática fuga de casa, na pequena estação de trem de Astápovo.
"Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas."
"Todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo."
"Em vão, centenas de milhares de homens, amontoados num pequeno espaço, se esforçavam por desfigurar a terra em que viviam. Em vão, a cobriam de pedras para que nada pudesse germinar; em vão arrancavam as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão impregnavam o ar de fumaça; em vão escorraçavam os animais e os pássaros - Em vão... porque até na cidade, a primavera é primavera."
— Tolstói, em "Ressurreição"
"Em vão, centenas de milhares de homens, amontoados num pequeno espaço, se esforçavam por desfigurar a terra em que viviam. Em vão, a cobriam de pedras para que nada pudesse germinar; em vão arrancavam as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão impregnavam o ar de fumaça; em vão escorraçavam os animais e os pássaros - Em vão... porque até na cidade, a primavera é primavera."
— Tolstói, em "Ressurreição"
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19.11.12
Jean-François Fourtou
Para pessoas criativas, todo o espaço do mundo é pouco. É por isso que a casa de Jean-François Fourton, em Marrakesh é imensa. É preciso espaço para criar. E o que este francês artista faz não se compara com nada no mundo. Obras de arte, ele constrói casas! É uma de suas especialidades. As criações são tão lindas e únicas que merecem estar aqui e ser divulgadas!
A primeira obra é uma casa pequenininha e até certo ponto fácil de entender. Feita para a filha, que na época, tinha 2 anos, reproduzia um quartinho antigo, numa escala perfeita para uma criança. Parece uma grande casa de boneca.
A segunda obra é como o oposto, tem-se a sensação de invadir a casa de um gigante. O artista construiu a casa como se fosse a casa de seus bisavós na França, muito rústica. Fourton diz que essa é uma forma de reviver a infância, quando tudo parece enorme e difícil e a pureza ainda existe.
Há também a casa caída do céu, onde tudo está de ponta cabeça e só se consegue entrar pela janela do banheiro! É preciso acrobacias físicas e mentais para se ficar lá dentro e a sensação de que você irá cair é assustadora. Totalmente desnorteante, e ideia é mostrar como as crianças veem o mundo de forma completamente diferente.
E os projetos não param por aí. Fourton é um artista desses poucos que sabem dar vida à imaginação.
Acompanhe este gênio em: http://fourtou.aeroplastics.net/
Fonte: http://fantastico.globo.com/
Acompanhe este gênio em: http://fourtou.aeroplastics.net/
Fonte: http://fantastico.globo.com/
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Aula Espetáculo - Ariano Suassuna
30/04/2011
Outro dia me apresentaram um poema que começava assim:"Ontem era domingo
E eu acordei muito alegre".
Rapaz, você não fez um poema, não! Você comunicou um fato. Não é? Inclusive um fato sem importância. E eu tenho lá a ver com isso?!
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18.11.12
Hitchcock
Baseado no livro Alfred Hitchcock and the Making of Psycho, Stephen Rebello e John J. McLaughlin são roteiristas do filme Hitchcock, com estreia prevista para fevereiro de 2013. Dirigida por Sacha Gervasi, essa produção tem um elenco que promete! Anthony Hopkins faz o papel de Alfred Hitchcock e Hellen Mirren está no papel de sua esposa Alma Reville. O filme é a história de amor entre os dois que surge durante as filmagens de Psicose em 1959. Não percam!
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17.11.12
14.11.12
Namíbia
A Namíbia vem ganhando espaço próprio, sem alarde, há uma década. Além de paisagens magníficas - desertos com dunas de areia de 300 metros de altura, um litoral cheio de navios antigos naufragados -, o país possui uma das maiores, mas menos conhecidas, reservas de caça de animais de grande porte em toda a África. O turismo é discreto, com ênfase em pousadas bem projetadas e ecologicamente sensíveis distribuídas por áreas remotas. Na Little Kulala, numa reserva natural de 36.423ha perto das colossais dunas Sossuvlei, as 11 cabanas têm terraços sobre o telhado, como leitos criados para se observar as estrelas. Os anfitriões conduzem passeios de carro no deserto nos quais você verá libélulas gigantes, hienas malhadas e acácias nas quais se estendem os ninhos dos gigantes pássaros conhecidos como tecelão sociável (os ninhos podem abrigar centenas de pássaros e duram até cem anos!).
A casa-sede do Serra Cafema Camp ergue-se sobre palafitas acima do rio Kenene, que separa a Namíbia de Angola. Oito chalés são mobiliados com móveis entalhados dos nguni, com pias de cobre montadas sobre pedestais de toras. A região é habitada pela tribo nômade himba.
Um dos complexos para turistas mais luxuosos é o Little Ongava. Fica dentro da Reserva de Caça de Ongava, ao lado do Parque Nacional Etosha, no norte do país. É farta a utilização do trabalho de artistas africanos na decoração: máscaras de Burkina Fasso, tigelas de madeira da Zâmbia, bandejas etíopes, pinturas namíbias. A maior atração, contudo, está do lado de fora: no meio da vegetação de cerrado, você pode ver bandos de rinocerontes-brancos de 3.600kg alimentando-se das folhagens.
O Fort on Fisher's Pan fica na Reserva de Caça de Onguma, um trecho particular de 20.235ha do Parque Nacional Etosha. É uma estrutura exótica: paredes altas e espessas, portas maciças cravadas de pregos, pátios múltiplos, escadarias secretas. Tudo isso à beira de um grande olho d'água onde zebras se reúnem ao pôr do sol. Em uma excursão de quatro horas na reserva de caça você tem chances de ver girafas, elefantes, gnus, tartarugas e um ou outro leão. Não por acaso, Onguma significa "o lugar do qual você não quer partir".
Roteiro sugerido pelo livro Viagens Inesquecíveis da Travel + Leisure (PubliFolha).
A casa-sede do Serra Cafema Camp ergue-se sobre palafitas acima do rio Kenene, que separa a Namíbia de Angola. Oito chalés são mobiliados com móveis entalhados dos nguni, com pias de cobre montadas sobre pedestais de toras. A região é habitada pela tribo nômade himba.
Um dos complexos para turistas mais luxuosos é o Little Ongava. Fica dentro da Reserva de Caça de Ongava, ao lado do Parque Nacional Etosha, no norte do país. É farta a utilização do trabalho de artistas africanos na decoração: máscaras de Burkina Fasso, tigelas de madeira da Zâmbia, bandejas etíopes, pinturas namíbias. A maior atração, contudo, está do lado de fora: no meio da vegetação de cerrado, você pode ver bandos de rinocerontes-brancos de 3.600kg alimentando-se das folhagens.
O Fort on Fisher's Pan fica na Reserva de Caça de Onguma, um trecho particular de 20.235ha do Parque Nacional Etosha. É uma estrutura exótica: paredes altas e espessas, portas maciças cravadas de pregos, pátios múltiplos, escadarias secretas. Tudo isso à beira de um grande olho d'água onde zebras se reúnem ao pôr do sol. Em uma excursão de quatro horas na reserva de caça você tem chances de ver girafas, elefantes, gnus, tartarugas e um ou outro leão. Não por acaso, Onguma significa "o lugar do qual você não quer partir".
Serra Cafema Camp |
Little Ongava |
Fort on Fisher's Pan |
Ninho do tecelão sociável |
Roteiro sugerido pelo livro Viagens Inesquecíveis da Travel + Leisure (PubliFolha).
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12.11.12
Direitos Humanos para Humanos Direitos
Almeidinha era o sujeito inventado pelos amigos de faculdade para personalizar tudo o que não queríamos nos transformar ao longo dos anos. A projeção era a de um cidadão médio: resmungão em casa, satisfeito com o emprego na “firma” e à espera da aposentadoria para poder tomar banho, colocar pijama às quatro da tarde, assistir ao Datena e reclamar da janta preparada pela esposa. O Almeidinha é aquele sujeito capaz de rir de qualquer piada de português, negro, gay e loira. Que guarda revistas pornográficas no armário, baba nas pernas da vizinha desquitada (é assim que ele fala) mas implica quando a filha coloca um vestido mais curto. Que não perde a chance de dizer o quanto a esposa (ele chama de “patroa”) engordou desde o casamento.
O Almeidinha, para nosso espanto, está hoje em toda parte. Multiplicou-se em proporção geométrica e, com os anos, se modernizou. O sujeito que montava no carro no fim de semana e levava a família para ir ao jardim zoológico dar pipoca aos macacos (apesar das placas de proibição) sucumbiu ao sinal dos tempos e aderiu à internet. Virou um militante das correntes de e-mail com alertas sobre o perigo comunista, as contas no exterior do ex-presidente, os planos do Congresso para acabar com o 13º salário. Depois foi para o Orkut. Depois para o Facebook. Ali encontrou os amigos da firma que todos os dias o lembram dos perigos de se viver num mundo sem valores familiares. O Almeidinha presta serviços humanitários ao compartilhar alarmes sobre privacidade na rede, homenagens a pessoas doentes e fotos de crianças deformadas. O Almeidinha também distribui bons dias aos amigos com piadas sobre o Verdão (“estude para o vestibular porque vai cair…hihihii”) e mensagens motivacionais. A favorita é aquela sobre amar as pessoas como se não houvesse amanhã, que ele jura ser do Cazuza mas chegou a ele como Caio Fernandes (sic) Abreu.
O Almeidinha gosta também de se posicionar sobre os assuntos que causam comoção. Para ele, a atual onda de violência em São Paulo só acontece porque os pobres, para ele potenciais criminosos (seja assassino ou ladrão de galinha) têm direitos demais. O Almeidinha tem um lema: “Direitos Humanos para Humanos Direitos”. Aliás, é ouvir essa expressão, que ele não sabe definir muito bem, e o Almeidinha boa praça e inofensivo da vizinhança se transforma. “Lógica da criminalidade”, “superlotação de presídios”, “sindicato do crime”, “enfrentamento”, “uso excessivo da força”, para ele, é conversa de intelectual. E se tem uma coisa que o Almeidinha detesta mais que o Lula ou o Mano Menezes (sempre nesta ordem) é intelectual. O Almeidinha tem pavor. Tivesse duas bombas eram dois endereços certos: a favela e a USP. A favela porque ele acredita no governador Sergio Cabral quando ele fala em fábrica de marginais. A USP porque está cansado de trabalhar para pagar a conta de gente que não tem nada a fazer a não ser promover greves, invasões, protestos e espalhar palavras difíceis. O Almeidinha vota no primeiro candidato que propuser esterilizar a fábrica de marginal e a construção de um estacionamento no lugar da universidade pública.
Uma metralhadora na mão do Almeidinha e não sobraria vagabundo na Terra. (O Almeidinha até fala baixo para não ser repreendido pela “patroa”, mas se alguém falar ao ouvido dele que “Hitler não estava assim tão errado” ganha um amigo para o resto da vida).
A cólera, que o fazia acordar condenando o mundo pela manhã, está agora controlada graças aos remédios. O Almeidinha evoluiu muito desde então. Embora desconfiado, o Almeidinha anda numas, por exemplo, de que agora as coisas estão entrando nos eixos porque os políticos – para ele a representação de tudo o que o impediu de ter uma casa na praia – estão indo para a cadeia. Ele não entende uma palavra do que diz o tal do Joaquim Barbosa, mas já reservou espaço para um pôster do ministro do Supremo ao lado do cartaz do Luciano Huck (“cara bom, ajuda as pessoas”) e do Rafinha Bastos (“ele sim tem coragem de falar a verdade”). O Almeidinha não teve colegas negros na escola nem na faculdade, mas ele acha que o exemplo de Barbosa e do presidente Barack Obama é prova inequívoca de que o sistema de cotas é uma medida populista. É o que dizia o “meme” que ele espalhou no Facebook com o argumento de que, na escravidão, o tráfico de escravos tinha participação dos africanos. Por isso, quando o assunto encrespa, ele costuma recorrer ao “nada contra, até tenho amigos de cor (é assim que ele fala), mas muitos deles têm preconceitos contra eles mesmos”.
O Almeidinha costuma repetir também que os pobres é que não se ajudam. Vê o caso da empregada, que achou pouco ganhar vinte reais por dia para lavar suas cuecas e preferiu voltar a estudar. Culpa do Bolsa Família, ele diz, esse instrumento eleitoral que leva todos os nordestinos, descendentes de nordestinos e simpatizantes de nordestinos a votar com medo de perder a boquinha. Em tempo: o filho do Almeidinha tem quase 30 anos e nunca trabalhou. Falta de oportunidade, diz o Almeidinha, só porque o filho não tem pistolão. Vagabundo é outra coisa. Outra cor. Como o pai, o filho do Almeidinha detesta qualquer tipo de bolsa governamental. A bolsa-gasolina que recebe do pai, garante, é outra coisa. Não mexe com recurso público. (O Almeidinha não conta pra ninguém, mas liga todo dia, duas vezes por dia, para o primo de um conhecido instalado na prefeitura para saber se não tem uma boca de assessor para o filho em algum gabinete).
O filho do Almeidinha também é ativista virtual. Curte PlayStation, as sacadas do Willy Wonka, frases sobre erros de gramática do Enem, frases sobre o frio, sobre o que comer no almoço e sobre as bebedeiras com os moleques no fim de semana (segue a página de oito marcas de cerveja). Compartilha vídeos de propagandas de carro e fotos de mulheres barrigudas e sem dentes na praia. Riu até doer a barriga com a página das barangas. Detesta política – ele não passa um dia sem lembrar a eleição do Tiririca para dizer que só tem palhaço em Brasília. E se sente vingado toda vez que alguém do CQC faz “lero-lero” na frente do Congresso. Acha todos eles uns caras fodásticos (é assim que ele fala). Talvez até mais que o Arnaldo Jabor. Pensa em votar com nariz de palhaço na próxima eleição (pensa em fazer isso até que o voto deixe de ser obrigatório e ele possa aproveitar o domingo no videogame). Até lá, vai seguir destruindo placas e cavaletes que atrapalham suas andanças pela cidade.
Como o pai, o filho do Almeidinha tem respostas e certezas para tudo. Não viveu na ditadura, mas morre de saudade dos tempos em que as coisas funcionavam. Espera ansioso um plebiscito para introduzir de vez a pena de morte (a única solução para a malandragem) e reduzir a maioridade penal até o dia em que se poderá levar bebês de oito meses para a cadeia. Quer um plebiscito também para acabar com a Marcha das Vadias. O que é bonito, para ele, é para se ver. E se tocar. E ninguém ouve cantada se não provoca (a favorita dele é “hoje não é seu aniversário mas você está de parabéns, sua linda”. Fala isso com os amigos e sai em disparada no carro do pai. O filho do Almeidinha era “O” zoão da turma na facul).
Pai e filho estão cada vez mais parecidos. O pai já joga Playstation e o menino de 30 anos já fala sobre a decadência dos costumes. Para tudo têm uma sentença: “Ê, Brasil”. Almeidinha pai e Almeidinha filho têm admiração similar ao estilo civilizado de vida europeu. Não passam um dia sem dizer que a vida, deles e da humanidade em geral, seria melhor se o país fosse dividido entre o Brasil do Sul e o Brasil do Norte. Quando esse dia chegar, garantem, o Brasil enfim será o país do presente e não do futuro. Um país à imagem e semelhança de um Almeidinha.
O Almeidinha, para nosso espanto, está hoje em toda parte. Multiplicou-se em proporção geométrica e, com os anos, se modernizou. O sujeito que montava no carro no fim de semana e levava a família para ir ao jardim zoológico dar pipoca aos macacos (apesar das placas de proibição) sucumbiu ao sinal dos tempos e aderiu à internet. Virou um militante das correntes de e-mail com alertas sobre o perigo comunista, as contas no exterior do ex-presidente, os planos do Congresso para acabar com o 13º salário. Depois foi para o Orkut. Depois para o Facebook. Ali encontrou os amigos da firma que todos os dias o lembram dos perigos de se viver num mundo sem valores familiares. O Almeidinha presta serviços humanitários ao compartilhar alarmes sobre privacidade na rede, homenagens a pessoas doentes e fotos de crianças deformadas. O Almeidinha também distribui bons dias aos amigos com piadas sobre o Verdão (“estude para o vestibular porque vai cair…hihihii”) e mensagens motivacionais. A favorita é aquela sobre amar as pessoas como se não houvesse amanhã, que ele jura ser do Cazuza mas chegou a ele como Caio Fernandes (sic) Abreu.
O Almeidinha gosta também de se posicionar sobre os assuntos que causam comoção. Para ele, a atual onda de violência em São Paulo só acontece porque os pobres, para ele potenciais criminosos (seja assassino ou ladrão de galinha) têm direitos demais. O Almeidinha tem um lema: “Direitos Humanos para Humanos Direitos”. Aliás, é ouvir essa expressão, que ele não sabe definir muito bem, e o Almeidinha boa praça e inofensivo da vizinhança se transforma. “Lógica da criminalidade”, “superlotação de presídios”, “sindicato do crime”, “enfrentamento”, “uso excessivo da força”, para ele, é conversa de intelectual. E se tem uma coisa que o Almeidinha detesta mais que o Lula ou o Mano Menezes (sempre nesta ordem) é intelectual. O Almeidinha tem pavor. Tivesse duas bombas eram dois endereços certos: a favela e a USP. A favela porque ele acredita no governador Sergio Cabral quando ele fala em fábrica de marginais. A USP porque está cansado de trabalhar para pagar a conta de gente que não tem nada a fazer a não ser promover greves, invasões, protestos e espalhar palavras difíceis. O Almeidinha vota no primeiro candidato que propuser esterilizar a fábrica de marginal e a construção de um estacionamento no lugar da universidade pública.
Uma metralhadora na mão do Almeidinha e não sobraria vagabundo na Terra. (O Almeidinha até fala baixo para não ser repreendido pela “patroa”, mas se alguém falar ao ouvido dele que “Hitler não estava assim tão errado” ganha um amigo para o resto da vida).
A cólera, que o fazia acordar condenando o mundo pela manhã, está agora controlada graças aos remédios. O Almeidinha evoluiu muito desde então. Embora desconfiado, o Almeidinha anda numas, por exemplo, de que agora as coisas estão entrando nos eixos porque os políticos – para ele a representação de tudo o que o impediu de ter uma casa na praia – estão indo para a cadeia. Ele não entende uma palavra do que diz o tal do Joaquim Barbosa, mas já reservou espaço para um pôster do ministro do Supremo ao lado do cartaz do Luciano Huck (“cara bom, ajuda as pessoas”) e do Rafinha Bastos (“ele sim tem coragem de falar a verdade”). O Almeidinha não teve colegas negros na escola nem na faculdade, mas ele acha que o exemplo de Barbosa e do presidente Barack Obama é prova inequívoca de que o sistema de cotas é uma medida populista. É o que dizia o “meme” que ele espalhou no Facebook com o argumento de que, na escravidão, o tráfico de escravos tinha participação dos africanos. Por isso, quando o assunto encrespa, ele costuma recorrer ao “nada contra, até tenho amigos de cor (é assim que ele fala), mas muitos deles têm preconceitos contra eles mesmos”.
O Almeidinha costuma repetir também que os pobres é que não se ajudam. Vê o caso da empregada, que achou pouco ganhar vinte reais por dia para lavar suas cuecas e preferiu voltar a estudar. Culpa do Bolsa Família, ele diz, esse instrumento eleitoral que leva todos os nordestinos, descendentes de nordestinos e simpatizantes de nordestinos a votar com medo de perder a boquinha. Em tempo: o filho do Almeidinha tem quase 30 anos e nunca trabalhou. Falta de oportunidade, diz o Almeidinha, só porque o filho não tem pistolão. Vagabundo é outra coisa. Outra cor. Como o pai, o filho do Almeidinha detesta qualquer tipo de bolsa governamental. A bolsa-gasolina que recebe do pai, garante, é outra coisa. Não mexe com recurso público. (O Almeidinha não conta pra ninguém, mas liga todo dia, duas vezes por dia, para o primo de um conhecido instalado na prefeitura para saber se não tem uma boca de assessor para o filho em algum gabinete).
O filho do Almeidinha também é ativista virtual. Curte PlayStation, as sacadas do Willy Wonka, frases sobre erros de gramática do Enem, frases sobre o frio, sobre o que comer no almoço e sobre as bebedeiras com os moleques no fim de semana (segue a página de oito marcas de cerveja). Compartilha vídeos de propagandas de carro e fotos de mulheres barrigudas e sem dentes na praia. Riu até doer a barriga com a página das barangas. Detesta política – ele não passa um dia sem lembrar a eleição do Tiririca para dizer que só tem palhaço em Brasília. E se sente vingado toda vez que alguém do CQC faz “lero-lero” na frente do Congresso. Acha todos eles uns caras fodásticos (é assim que ele fala). Talvez até mais que o Arnaldo Jabor. Pensa em votar com nariz de palhaço na próxima eleição (pensa em fazer isso até que o voto deixe de ser obrigatório e ele possa aproveitar o domingo no videogame). Até lá, vai seguir destruindo placas e cavaletes que atrapalham suas andanças pela cidade.
Como o pai, o filho do Almeidinha tem respostas e certezas para tudo. Não viveu na ditadura, mas morre de saudade dos tempos em que as coisas funcionavam. Espera ansioso um plebiscito para introduzir de vez a pena de morte (a única solução para a malandragem) e reduzir a maioridade penal até o dia em que se poderá levar bebês de oito meses para a cadeia. Quer um plebiscito também para acabar com a Marcha das Vadias. O que é bonito, para ele, é para se ver. E se tocar. E ninguém ouve cantada se não provoca (a favorita dele é “hoje não é seu aniversário mas você está de parabéns, sua linda”. Fala isso com os amigos e sai em disparada no carro do pai. O filho do Almeidinha era “O” zoão da turma na facul).
Pai e filho estão cada vez mais parecidos. O pai já joga Playstation e o menino de 30 anos já fala sobre a decadência dos costumes. Para tudo têm uma sentença: “Ê, Brasil”. Almeidinha pai e Almeidinha filho têm admiração similar ao estilo civilizado de vida europeu. Não passam um dia sem dizer que a vida, deles e da humanidade em geral, seria melhor se o país fosse dividido entre o Brasil do Sul e o Brasil do Norte. Quando esse dia chegar, garantem, o Brasil enfim será o país do presente e não do futuro. Um país à imagem e semelhança de um Almeidinha.
Crônica de Matheus Pichonelli
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11.11.12
Morte e Vida Severina
O livro de João Cabral de Melo Neto traz à tona uma realidade que mantemos sob os tapetes. A seca e a miséria nordestina não são problemas do passado e a situação dos retirantes não tem sido trabalhada pelo setor público como deveria. É hora de mudar essa vida, essa vida severina de tantos brasileiros.
"Somos muitos Severinos, iguais em tudo na vida".
"Somos muitos Severinos, iguais em tudo na vida".
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9.11.12
Deus Sabe O Que Faz
Luiz Vilela
Deus sabe o que faz e por isso a criança nasceu cega, mas Deus sabe o que faz e ela cresceu forte e sadia, não teve coqueluche nem bronquite como os outros filhos -o mais velho, aos vinte e pouco anos já vivia na pinga, cometeu um crime e foi parar na cadeia; a menina cresceu, virou moça, casou, traiu o marido, separou, virou prostituta; o cego tinha o ouvido bom e aprendeu a tocar violão e aos quinze anos já tocava violão como ninguém, um verdadeiro artista, porque Deus sabe o que faz e para tudo nesse mundo há uma compensação, e assim enquanto o irmão estava na cadeia e a irmã no bordel, o cego foi ganhando nome e dinheiro com seu violão e seu ouvido, que era melhor do que o ouvido de qualquer pessoa normal, e os pais, que eram pobres e às vezes não tinham nem o que comer, tinham agora dinheiro bastante para se darem ao luxo de comprar um rádio, onde escutaram transmitido da cidade vizinha o programa do Mozart do violão, como o batizara o chefe da banda de música local que, tão logo conheceu o rapaz, tornou-se seu empresário, deixando a banda para revelar aos quatro cantos do mundo o maior gênio do violão de todos os tempos, até que um dia sumiu para os quatro cantos do mundo com o dinheiro das apresentações, mas Deus sabe o que faz, e se o empresário fugiu, uma linda moça se apaixonou pelo rapaz e prometeu fazer a felicidade dele para o resto da vida, e assim, enquanto os dois, casados e morando numa modesta casinha, viviam felizes, a irmã, que era perfeita e bonita, envelhecia prematuramente no bordel e o irmão, que era perfeito e bonitão, saíra da cadeia, não achara emprego e vivia ao léu, até que conheceu a mulher do cego e se apaixonou loucamente por ela; o cego tocava na maior altura para não ouvir os beijos dos dois na sala -até que as cordas rebentaram, até que ele rebentou o ouvido com um tiro.
Deus sabe o que faz e por isso a criança nasceu cega, mas Deus sabe o que faz e ela cresceu forte e sadia, não teve coqueluche nem bronquite como os outros filhos -o mais velho, aos vinte e pouco anos já vivia na pinga, cometeu um crime e foi parar na cadeia; a menina cresceu, virou moça, casou, traiu o marido, separou, virou prostituta; o cego tinha o ouvido bom e aprendeu a tocar violão e aos quinze anos já tocava violão como ninguém, um verdadeiro artista, porque Deus sabe o que faz e para tudo nesse mundo há uma compensação, e assim enquanto o irmão estava na cadeia e a irmã no bordel, o cego foi ganhando nome e dinheiro com seu violão e seu ouvido, que era melhor do que o ouvido de qualquer pessoa normal, e os pais, que eram pobres e às vezes não tinham nem o que comer, tinham agora dinheiro bastante para se darem ao luxo de comprar um rádio, onde escutaram transmitido da cidade vizinha o programa do Mozart do violão, como o batizara o chefe da banda de música local que, tão logo conheceu o rapaz, tornou-se seu empresário, deixando a banda para revelar aos quatro cantos do mundo o maior gênio do violão de todos os tempos, até que um dia sumiu para os quatro cantos do mundo com o dinheiro das apresentações, mas Deus sabe o que faz, e se o empresário fugiu, uma linda moça se apaixonou pelo rapaz e prometeu fazer a felicidade dele para o resto da vida, e assim, enquanto os dois, casados e morando numa modesta casinha, viviam felizes, a irmã, que era perfeita e bonita, envelhecia prematuramente no bordel e o irmão, que era perfeito e bonitão, saíra da cadeia, não achara emprego e vivia ao léu, até que conheceu a mulher do cego e se apaixonou loucamente por ela; o cego tocava na maior altura para não ouvir os beijos dos dois na sala -até que as cordas rebentaram, até que ele rebentou o ouvido com um tiro.
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4.11.12
Another World
So we live
But life isn't what it seems
We're only living in our dreams
In another world
Brian May
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2.11.12
Lembrança do Mundo Antigo
Clara passeava no jardim com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranqüilo em redor de Clara.
As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das onze horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!!
havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!
Carlos Drummond de Andrade
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranqüilo em redor de Clara.
As crianças olhavam para o céu: não era proibido.
A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.
Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.
Clara tinha medo de perder o bonde das onze horas,
esperava cartas que custavam a chegar,
nem sempre podia usar vestido novo. Mas passeava no jardim, pela manhã!!!
havia jardins, havia manhãs naquele tempo!!!
Carlos Drummond de Andrade
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