25.1.11

Eric A. Blair


                       
                       Nunca me esquecerei disto:


                       "Curiosamente, o anúncio das horas pareceu dar-lhe novo ânimo. Era um fantasma solitário afirmando uma verdade de que ninguém jamais ouviria falar. Só que, enquanto a afirmasse, de alguma maneira obscura a continuidade não se romperia. Não era fazendo-se ouvir, mas mantendo a sanidade mental que a pessoa transmitia sua herança humana. Voltou para a mesa, molhou a pena da caneta e escreveu:


                       Ao futuro ou ao passado, a um tempo em que o pensamento seja livre, em que os homens sejam diferentes uns dos outros, em que não vivam sós - a um tempo em que a verdade exista e em que o que for feito não possa ser desfeito:


                       Da era da uniformidade, da era da solidão, da era do Grande Irmão, da era do duplipensamento - saudações!


                       Ele já estava morto, refletiu. Parecia-lhe que só agora, quando começava a ser capaz de formular seus pensamentos, dera o passo decisivo. As consequências de toda ação estão contidas na própria ação. Escreveu:


                       O pensamento-crime não acarreta a morte: o pensamento-crime É a morte.


                       Agora que se via como um homem morto, tornava-se importante continuar vivo o maior tempo possível."



Eric A. Blair (George Orwell) - 1984.

Um comentário:

  1. É angustiante u_u

    Livro épico, não? E eu não teria lhe apresentado ele se não fosse pelo A Revolução dos Bichos *-*

    Psiu. sz'

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