22.2.11

Boa Noite, e Boa Sorte





Em uma narrativa em tom de documentário, o filme Boa-noite e Boa-sorte fala da trajetória de Ed Murrows ao confrontar e questionar os métodos do Senador Joseph Maccarthy, que em 1953, perseguia tudo e a todos que pudessem vir a ter algum contato com o comunismo e com a política de esquerda.

O filme não só documenta um importante período histórico para os Estados Unidos e para a mídia como também narra o dia-a-dia de uma redação de jornal com seus altos, baixos e preços pagos pelos jornalistas para desenvolver o real e bom jornalismo. Clooney consegue dar uma aula de jornalismo impressionante com este filme em todas as nuances sem romantizar nem polemizar o que um jornalista real deve fazer e como cumprir seu dever de reportar sempre a verdade.

A bela fotografia junto a trilha sonora traz um tom nostálgico. No entanto, é apenas uma leve sensação de nostalgia, pois, dentro do filme, percebe-se a clara crítica sobre a mídia massificada e como é fácil se sentir acuado diante da artilharia de alguém com poder. Ed Murrows foi um dos homens que ousou enfrentar a pesada artilharia de Maccarthy e teve a sorte de ter outros homens ao seu lado, que puderam mostrar que o bom repórter tem que ir a fundo em suas indagações, mesmo que pareça estar lutando contra o mundo.

A voz de Murrows fez com que outros se indignassem com a perseguição descabida de Maccarthy, o que levou o próprio Senador norte-americano a ter um Comitê julgando suas ações desenfreadas. O filme não é um suave desenrolar de fatos fantasiosos bem ao gosto e estilo de Hollywood. Pelo contrário, uma vez que critica os padrões e estruturas de entretenimento da época.

O filme começa com o célebre discurso e questionamento de Ed Murrows sobre o futuro da tv. Seus questionamentos ainda são válidos e pertinentes para uma mídia que tenta transpor a mente do telespectador. Sem atingir diretamente qualquer ideário político, Clooney critica a atual fase governista norte-americana com classe e história para provar que a história se repete inúmeras vezes nas mãos dos poderosos chefes de estado.

Talvez, o título também traga um quê rebelde chique, uma vez que a expressão usada por Ed Murrows foi cunhada durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto reportava os acontecimentos. Ao não saber o que se poderia acontecer entre a noite e a manhã, sempre se desejava boa-noite e boa-sorte aos membros da comunidade. Do mesmo modo como o futuro está incerto, o termo serve também como arquétipo para os tempos atuais: Boa-noite e boa-sorte! Afinal, todos esperamos tempos melhores e esperamos por aqueles que, como Murrows, façam valer nossas vozes contra a opressão e pela liberdade de expressão.

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