14. Veja diferente
O Wabi-Sabi é um conceito estético japonês calçado na observação da natureza. Pense no que é feito a mão, desafie as leis do consumo e se alimente do tempo – como uma porta de madeira desgastada. Agora, imagine a beleza intrigante de uma cerâmica com rugosidades na superfície e marcas das mãos do artesão. Segundo João Spinelli, mestre em arte e cultura japonesa, Wabi-Sabi surge de dois estados de espírito distintos: antítese do ideal de beleza monumental e contraponto à sociedade da acumulação. “O espírito Wabi pede a eliminação do supérfluo”, diz ele. “Já o Sabi está na assimetria, na rusticidade. As saliências que as intempéries deixam na pedra, ou o silêncio latente dos espaços, não pintados de uma tela”. O Wabi-Sabi é milenar, mas flerta com o cotidiano, influencia correntes artísticas e movimentos inteligentes. Para apreciá-lo, é necessário paciência, um olhar delicado e o sossego que leva à percepção das marcas do tempo. Um bom livro sobre o assunto é Wabi-Sabi – For Artists, Designers, Poets & Philosophers, de Leonard Koren, com 96 páginas, publicado pela Stone Bridge Press (EUA).
Luciana Stein
Luciana Stein
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