Incentivados pelo tutor, os jovens Henry Lowe (Nate Parker), Samantha Booke (Jurnee Smollett) e James Farmer Jr. (Denzel Whitaker) formaram uma equipe praticamente imbatível de debatedores (daí o título original, “The Great Debaters”; “os ótimos debatedores” em português) entre os anos 20 e 30, primeiro derrotando as principais universidades para negros, e depois, conseguindo um confronto histórico com a toda poderosa Harvard, formada por alunos brancos.
A competição, que não tem tradição no Brasil, reúne duas equipes de estudantes que precisam argumentar e convencer jurados sobre temas pré-definidos.
Apesar do tema corriqueiro sobre pessoas que transformaram a vida de outros seres humanos, O Grande Desafio tem personalidade própria. Washington filma a trajetória dos protagonistas sem apelar para o melodrama, diferente da maneira que Clint Eastwood fez recentemente em Invictus, buscando o choro do público a todo o momento. A história, por si só, já emociona e pode levar às lágrimas. Principalmente quando constatamos que, mesmo após a escravidão ter sido abolida há anos nos EUA, negros eram incendiados no Texas (estado onde se passa a trama).
O roteiro poderia ser mais enxuto, é verdade. A subtrama amorosa entre Henry e Samantha, e a cena em que Farmer Jr. imagina-se dançando com Samantha, não fariam falta ao longa. Mas são deslizes perdoáveis para um diretor novato, como Washington, que não esconde o carinho e a admiração pelos personagens, inclusive o seu, que também atua clandestinamente incentivando trabalhadores (negros e brancos) e lutarem por seus direitos.
Com um elenco notável, que inclui dois vencedores do Oscar (Washington e Forest Whitaker ), e jovens talentosos, O Grande Desafio é um filme digno, admirável e tem grandes momentos de interpretação. Forest, por sinal, está presente naquelas mais impactantes.
Como exemplo, a cena em que James Farmer (Whitaker) atropela um porco e precisa se desculpar com dois homens brancos, que o humilham. Ou quando o mesmo confronta Melvin B. Tolson. Ambos são homens e profissionais de posturas e opiniões diferentes, mas têm respeito um pelo outro e sabem que, apesar das diferenças, desejam o mesmo: igualdade social.
Indicado ao Globo de Ouro na categoria Melhor Filme Dramático em 2008, e vencedor, no mesmo ano, do prêmio Stanley Kramer do Sindicato dos Produtores, o filme sai direto em home vídeo no Brasil e precisa ser descoberto.
Mesmo porque, numa época em que bandidos tem protagonizado cinebiografias, é sempre saudável presenciarmos obras como essa, sobre a vida real de pessoas que fizeram o bem, romperam barreiras sem precisar fazer uso de armas, contando “apenas” com o dom da sabedoria e a fé em suas atitudes.
Assista e surpreenda-se. *-*
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