Retirado de: How Stuff Works
Existem dúvidas sobre quando essa tradição bizarra começou, mas a explicação mais aceita liga o primeiro de abril à França do século XVI. Até 1564, o calendário em vigor era o calendário Juliano, que considerava o início do ano novo próximo de abril. De acordo com o livro "The Oxford Companion to the Year", o rei Carlos IX, declarou um dia que a França começaria a usar o calendário Gregoriano, onde o ano novo iniciaria em primeiro de janeiro.
Nem todos aceitaram essa mudança de datas, ao mesmo tempo, alguns acreditavam que as datas não deveriam ser alteradas, e foi esse pessoal que serviu de alvo às brincadeiras de abril, pois foram considerados tolos. As pessoas enviavam presentes e os convidavam para as falsas festas. Os cidadãos das zonas rurais da França também eram vítimas dessas piadas. Nesta época, as notícias viajavam lentamente e eles podem ter ficado sem saber sobre a troca de datas durante meses ou anos. E ainda tiveram que suportar as piadas por celebrarem o ano novo no dia errado.
Atualmente, na França, as pessoas que "caem" no primeiro de abril são chamadas de 'Poisson d'Avril', literalmente significando "peixe de abril". Uma piada comum é a de pregar um peixe de papelão nas costas da pessoa. A ligação entre os peixes e o dia da mentira não está clara. Alguns acreditam que o peixe representa Jesus Cristo, freqüentemente representado por um peixe nos primeiros tempos da era cristã. Outros dizem que o peixe é relacionado com o signo de Peixes no zodíaco, que é representado por um peixe e que cai perto de abril. Mas é interessante salientar que Napoleão ganhou o apelido de Poisson d'Avril quando casou com Maria Luísa da Áustria, em 1º de abril de 1810.
Provavelmente, não se trata de uma coincidência que o dia da mentira seja comemorado ao mesmo tempo do que dois outros dias semelhantes. Na Roma antiga o festival de Hilária foi uma iniciativa para celebrar a ressurreição do deus Átis. A palavra hilária, provavelmente, é derivada da palavra hilaridade e hilariante, ambas significando alegria ruidosa. Hoje em dia, Hilária é também conhecida como o Dia da risada romana. Na Índia, o festival Holi comemora a chegada da primavera. Como parte do festival, as pessoas fazem brincadeiras e se lambuzam mutuamente com cores.
De qualquer forma, o dia da mentira pegou. E se popularizou, chegando à mídia.
O jornal britânico The Guardian é protagonista do mais bem elaborado trabalho de enganação. Em 1º de abril de 1977, o jornal saiu com um suplemento de sete páginas sobre a República de San Serriffe, um arquipélago localizado no oceano Índico. O caderno contava, em detalhes, os dez anos da independência do país, “motivo” para a publicação do caderno, além de tocar em aspectos como a história do seu descobrimento pelos portugueses, a colonização dos ingleses, a população nativa (os flongs), a economia baseada no petróleo e as belezas naturais e pontos turísticos como Garamondo, Villa Pica, Cap Em e Umbra. O mais absurdo é que eles afirmavam que a ilha se movimentava pelos oceanos. Teria surgido próximo ao Brasil no Atlântico e já havia chegado ao Índico.
A edição sobre San Serriffe foi um sucesso. Os leitores ligavam para o jornal querendo mais informações. Agências de turismo e o aeroporto de Londres receberam ligações de pessoas querendo viajar para esse paraíso tropical. A diretoria do porto de Liverpool chegou a marcar uma reunião para falar sobre as oportunidades que essa ilha poderia trazer.
A idéia do caderno sobre San Serriffe surgiu dos próprios jornalistas do The Guardian. Na época, numa jogada publicitária, o jornal publicava cadernos sobre locais até então desconhecidos dos ingleses e enchia de anúncios de agências de viagens, máquinas fotográficas e empresas de vários ramos que eventualmente investiam no local. Foi, então, que eles decidiram inventar um local. E a piada virou uma ação lucrativa. Dezessete anunciantes cativos do jornal decidiram entrar na brincadeira. A Kodak anunciou a organização de uma exposição sobre o arquipélago. A Texaco anunciou um concurso que dava como prêmio viagens para a ilha.
A lendária San Serriffe foi um sucesso tão grande que até hoje, o The Guardian continua publicando, obviamente todo dia 1º de abril, uma nova história sobre a ilha. Em 2007, os jornalistas falavam sobre a expansão do ecoturismo na ilha, além de voltar a localizá-la por causa do sua eterna viagem pelos oceanos.
Em abril de 1993, a revista Veja publicou o surgimento do“boimate”, uma verdadeira revolução científica. Pesquisadores de Hamburgo, na Alemanha, conseguiram fundir pela primeira vez células de tomate com células de boi, criando essa nova espécie animal-vegetal - possivelmente muito saborosa. A notícia era uma pegadinha de 1º de abril da britânica New Scientist.
Obviamente, essas brincadeiras também chegaram à era do mundo virtual. A empresa Google, em 2007, anunciou um novo serviço. A partir daquele primeiro de abril, as pessoas poderiam pedir para o servidor Gmail aimpressão de todos os seus e-mails - tanto recebidos quanto enviados. E a própria empresa se prontificava em imprimir e levar para o usuário. O portal mostrava vídeos das pessoas recebendo os caminhões cheios de e-mails impressos, depoimentos de usuários etc.
Na linha do jornalismo científico, a rede de TV BBC mostrou pingüins voadores que saíram das Malvinas em direção à floresta amazônica, fugindo do frio.
Pode Isso?!
Kkkkk'
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